Exercícios de atenção plena na hora das refeições aumentam a percepção dos benefícios de cada ingrediente para o organismo, favorecendo a perda de peso e o tratamento de diversos transtornos alimentares.
Reservar um tempo para comer e ainda se alimentar de maneira balanceada não é tarefa fácil nos dias de hoje, principalmente para quem sofre de transtornos alimentares, como obesidade e bulimia, ou tem problemas de saúde que exigem uma mudança de hábitos à mesa, a exemplo do diabetes e de vários processos alérgicos.
Em todos esses casos, o conceito do mindfulness pode ajudar bastante.
A evolução dos estudos científicos acerca dos benefícios proporcionados por esse tipo de meditação trouxe à tona uma nova faceta do trabalho: o mindful eating, que nada mais é do que levar a prática da atenção plena para a hora das refeições, propondo resgatar as habilidades naturais do ser humano para que isso gere uma relação mais saudável com a comida.
Não determinamos um cardápio ou dieta, e sim sugerimos a reflexão do quê e de como comer, para que, com isso, as pessoas façam escolhas mais conscientes e saudáveis.
É possível comer até em um restaurante de fast-food de forma consciente…
Não é tanto o que vamos comer, mas sim como vamos comer. A prática do mindful eating está relacionada à ação consciente de prestar atenção à alimentação. Talvez você até perceba que comeu menos do que se comesse de forma apressada.
Com o tempo e o exercício contínuo, o praticante da técnica passa a perceber quais alimentos fazem bem e quais não fazem, além de notar as combinações que causam desconforto no seu organismo. O mindful eating, aliás, começa muito antes da refeição.
A ideia não é determinar um cardápio ou dieta, e sim sugerir a reflexão do quê e de como comer, para que se façam escolhas mais saudáveis.
A escolha dos ingredientes
A escolha dos ingredientes e a reflexão sobre como os alimentos farão parte do prato são tão importantes quanto a alimentação em si, bem como a reflexão sobre a origem dos produtos e as pessoas que fizeram parte do processo de produção daquilo que será ingerido.
É claro que a falta de tempo para sentar-se à mesa não é resolvida de uma hora para outra, mas os minutos disponíveis são, com certeza, melhor aproveitados por quem pratica o mindful eating para ter uma relação mais prazerosa e equilibrada com os alimentos.
O resultado é menos compulsão e mais saúde. Pesquisas científicas mostram que pacientes com bulimia, por exemplo, podem se beneficiar bastante com a técnica do “comer consciente”.
Benefícios para todos!
Quem não apresenta distúrbios alimentares também sai ganhando, pois a prática eleva o nível de consciência em relação à importância de cada alimento para a saúde e proporciona uma experiência mais prazerosa com a comida.
Na alimentação consciente, podemos encontrar uma nova forma de nos relacionar com o alimento, e dessa relação vivenciar o pertencimento, reconhecendo diferentes tipos de fome, desde a que está relacionada ao estômago e à necessidade celular até a fome de conexão, amor e carinho, que se sacia com a ‘presença’ de nós mesmos, do outro e do todo. Quando estamos presentes no aqui e agora, podemos reencontrar o amor pela comida, por si mesmo e pelo outro.
Explica a nutricionista Driele Quinhoneiro, membro do Centro Brasileiro de Mindful Eating.
Segundo a especialista, um grande passo no caminho do comer consciente é sentir todo o processo de escolha do alimento, saboreá-lo e reconhecer os sinais corporais de saciedade.
Ao não saber muito bem como nos sentimos e quais são as sensações corporais das emoções, tratamos muitas vezes isso como fome, aquela sensação de vazio que não sei muito bem o que é, e que tento preencher com comida. A inteligência emocional e o mindfulness nos dão ferramentas para o autoconhecimento, o que possibilita tomar consciência do impulso e ter uma resposta diferente da conhecida reação automática.
Pessoas que sofrem de obesidade, bulimia diabetes podem se beneficiar bastante com a técnica do mindful eating.
Não existem alimentos “bons” ou “maus”
A médica Paula Teixeira, fundadora do Centro Brasileiro de Mindful Eating, por sua vez, lembra que rotular alimentos como “bons” e “maus” só aumenta a ansiedade, a culpa por ingerir itens “proibidos” e negligencia uma função-chave da alimentação saudável, que é o prazer em comer.
Naturalmente, é importante incluir ingredientes integrais, nutritivos e verdadeiros em nossas refeições. Mas é igualmente fundamental inserir alimentos de que gostamos.
Por isso, muito mais que uma dieta, o mindful eating tem como premissa equilibrar o comer para a saúde com o comer por prazer. Ou seja, devemos ingerir alimentos que contêm os nutrientes necessários ao bom funcionamento do nosso organismo sem sacrificar a satisfação de comer.
Alimentação saudável é sentir-se bem no momento em que está comendo e também depois.
Rotular alimentos de ‘bons’ ou ‘maus’ só aumenta a culpa e exclui um ingrediente básico da refeição ideal: o prazer em comer.
Os 5 Maiores Benefícios:
A primeira vantagem do Mindful Eating é a oportunidade de criar um espaço para “sair do piloto automático” no dia a dia, o que leva a uma alimentação mais atenta, trazendo resultados como:
- Usufruir bem da comida, ficando mais satisfeito. “Quando contemplamos aquilo que vamos ingerir, percebemos mais os sabores, os aromas, e isso alimenta todos os nossos sentidos”.
- Perceber texturas, cores e formas do alimento.
- Abrir os sentidos para os alimentos e continuar prestando atenção em seus próprios sentidos, o que facilita perceber quando estamos saciados, evitando que se coma demais.
- Escolher cada ingrediente com consciência, uma vez que há a reflexão sobre o que estamos colocando no prato e também sobre a quantidade das porções.
- Mulheres atentas aos detalhes da alimentação conseguem perceber o que comer para eliminar desconfortos causados pelos ciclos mensais, desenvolvendo a percepção sobre aquilo que faz bem em cada momento.