Em 2014, o Escritório de Pesquisas da Marinha Americana (ONR – Office Navy Research) embarcou em um programa de pesquisas de 3,85 milhões de dólares durante 4 anos para explorar o fenômeno conhecido como premonição ou intuição, ou como os fuzileiros e marinheiros apelidam “Sexto sentido” ou “Sentido aranha”.
“Nós tínhamos que entender o que dá voz para esse tão falado “sexto sentido” mencionado entre os nossos soldados”, disse Peter Squire, um oficial deste programa liderado pelo Departamento de Manobras de Guerrilha e Combate ao Terrorismo na ONR (Office of Naval Research).
Atualmente os cientistas da Marinha Americana têm dado uma menor ênfase em tentar entender estes fenômenos teoricamente e estão dando maior enfoque no uso de tecnologias para examinar mais de perto este misterioso processo, ao qual os cientistas da Marinha asseguram ao público não ser baseado em superstições.
“Se os pesquisadores entenderem o processo, haverá maneiras de acelerar – e possivelmente espalhar o poder da intuição através das unidades militares”, informa Dr. Squire. O Foco do Pentágono é em maximizar o poder do Sexto Sentido para utilizá-lo operacionalmente.
“Se você puder caracterizar este processo de tomada de decisão intuitiva e modelá-lo, então a nossa expectativa é acelerar a aquisição destas habilidades”, disse o Tenente Coronel Brent Olde do Departamento de Performance Humana em Combate e Sistemas de Bioengenharia da ONR.
“Existem maneiras de melhorar a nossa premonição através de treinamento?” ele deixou o questionamento no ar em uma entrevista dada à Revista americana TIME.
As evidências estavam no campo
De acordo com o Pentágono, o programa nasceu devido a diversos relatórios de campo vindos direto do campo de batalha, incluindo um incidente que foi evitado no Iraque em 2006, quando o Sargento Martin Richburg, usando a intuição, preveniu a carnificina de seus soldados em um D.I.E., ou Dispositivo Improvisado de Explosivos.
O Comandante Joseph Cohn, um dos gerentes do programa no Quartel General da Marinha, disse em uma entrevista dada ao New York Times, “Estes relatórios vindos do front frequentemente mencionam um “sexto sentido” ou “sentido aranha” que alertou a muitos soldados em diversas situações diferentes para que pudessem impedir ataques ou D.I.E., ou que os permitiu responder a uma situação imprevisível efetivamente sem analisar conscientemente a situação”.
Mais de uma década depois, hoje o Departamento de Defesa dos Estados Unidos acelerou as aplicações práticas deste conceito. Fuzileiros ativos em serviço já estão sendo ensinados a desenvolver habilidade pré-cognitivas de maneira a “prever franco atiradores, dispositivos explosivos e minas instaladas, e outros tipos de ataques imprevistos usando competências perceptivas avançadas que ainda não foram estudadas a fundo”.
Poderes telepáticos?
Devido ao estigma da percepção extra sensorial e da psicocinese, as nomenclaturas foram modificadas, permitindo ao Departamento de Defesa se distanciar dos preconceitos atribuídos a estes nomes. Sob a bandeira dos Sistemas de Treinamento Perceptivo e suas Ferramentas, a percepção extra sensorial tem um novo nome na era moderna: “sensemaking”.
Na literatura oficial do Departamento de Defesa dos EUA, sensemaking é definido como “um esforço contínuo motivado para entender as conexões (aos quais podem ser entre pessoas, lugares e eventos) de maneira a antecipar suas trajetórias e agir efetivamente”.
Através das últimas décadas, as guerras mudaram de localização e o design dos armamentos evoluíram drasticamente, enquanto que as capacidades perceptivas dos seres humanos permanecem as mesmas. Precisamos voltar para as origens dos guerreiros ancestrais como os samurais e os espartanos que eram tão preocupados em treinar para guerra quanto em treinar suas mentes.
50 anos atrás na Guerra do Vietnam, Joe McMoneagle usou o seu Sexto Sentido para evitar pisar sobre minas, armadilhas e caminhar a salvo entre emboscadas Viet Cong. Sua habilidade para sentir os perigos que enfrentava não se perdeu entre os seus soldados, e o poder de suas capacidades intuitivas se espalharam através de sua unidade militar.
Outros soldados confiaram em suas habilidades subconscientes e seguiram a liderança McMoneagle e devido a isso muitas vidas foram salvas, é por esse motivo que ele é lembrado e honrado até os dias hoje. Em um ambiente de vida ou morte não há espaço para ceticismos ou demérito. Se isto salvou vidas, foi real.
Desde 1972, pesquisas da CIA e o Departamento de Defesa indicam que a premonição, ou precognição, parecem ser fracas em alguns, forte em outros e extraordinária em alguns poucos. Será que o trabalho contemporâneo no “sensemaking”, o contínuo esforço em entender as conexões entre pessoas, lugares, e eventos, finalmente desvendará os mistérios da percepção extra sensorial? Será que a tecnologia disponível aos cientistas de hoje revelará hipóteses não disponíveis aos cientistas no passado?
Na guerra nada pode ser descartado… Muito pelo contrário, pode ser utilizado
No Hospital Naval Bremerton, em Washington, os cientistas da marinha e outros pesquisadores militares estão explorando a cognição e percepção em soldados em um estado de sono virtual. Iniciando em 2011, como parte de um programa de pesquisa chamado Poder do Sonho, soldados assombrados por pesadelos relacionados a Distúrbios Pós Traumáticos adquiridos em combate usaram técnicas de biofeedback similares aos estudados pelo Coronel John Alexander no Programa de Excelência e Comando de Segurança e Inteligência, sob a liderança do General Albert Stubblebine.
Atualmente os equipamentos de biofeedback da marinha foram atualizados com a tecnologia de ponta da realidade virtual do século XXI que não existia 30 anos atrás. Patrocinado pelo Centro de Pesquisas Médicas da Marinha, o Programa Poder do Sonho envolveu um processo conhecido como Tratamento Cognitivo Comportamental para Guerreiros em Treinamento.
Os participantes são soldados ativos em serviço que sofrem de pesadelos relacionados ao Distúrbio Pós Traumático mas estão aptos a voltar para o front de batalha. O método chamado re-sonho, é supostamente uma técnica aprendida que produz mudanças na maneira como os cérebros dos indivíduos processam informações. A meta é ensinar os militares em treinamento a transformarem seus pesadelos debilitantes em sonhos empoderadores usando técnicas de biofeedback e tecnologia computacional.
O Biofeedback (monitoramento biológico) nasceu em 1962, e atua na ideia de que o cérebro humano pode se beneficiar ao observar a si mesmo trabalhando em tempo real, extamente como funciona o processo da meditação. Alguns dos processos que os participantes podem ver em tempo real são suas ondas cerebrais, frequência cardíaca, tensão muscular, condutividade da pele, e percepção de dor.
O processo ocorre da seguinte maneira:
Quando um soldado acorda de um pesadelo, ele se levanta da cama e vai até um computador cedido pelo governo. Ele coloca seu óculos de realidade virtual e um monitor cardíaco em seu braço então o aparelho de biofeedback pode ser integrado em seu processo de re-sonho. Conectado a estes dois dispositivos o soldado abre um software chamado Livro dos Sonhos. E com uns poucos cliques no teclado, ele entra no mundo da Realidade Virtual. Este novo sonho conduzido através de um estado meditativo profundo através da leitura da frequência cardíaca faz com que o soldado gradualmente vá treinando o seu cérebro a abandonar os seus antigos pesadelos até ficar completamente livre deles.
Outra forma de aumentar as capacidades sensoriais dos soldados é a prática de meditação de atenção plena que já vem sendo ensinada e praticada pelos militares a mais de 2 anos, incluindo técnicas de respiração praticadas pelos Navy Seals.
Por isso que aqui no Spartancast buscamos desenvolver guerreiros da vida moderna dentro de cada um dos espartanos e espartanas que nos acompanham, e definitivamente a intuição é uma forma de inteligência muito útil tanto para o nosso esporte, como vida profissional e pessoal, afinal a vida também é um campo de batalha!
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